Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Maringá, mestre em Entomologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, doutor em Zoologia pelo Museu Nacional – UFRJ e Pós-Doutor com sistemática de cigarrinhas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro..
O QUE TE FASCINA NA SUA PESQUISA?
Desde muito cedo, ainda na infância, eu era fascinado por animais, sempre que eu ganhava algum presente, era sempre o mesmo pedido: animais de plástico. Ao entrar na faculdade de biologia, a ideia era clara para mim, eu queria trabalhar com zoologia. Ao fim da graduação, calhou de ir fazer mestrado em entomologia, estudando insetos. Quando digo que sou entomólogo, vira e mexe alguém me pergunta o porquê de estudar insetos. E bem, a resposta fácil é que os insetos são incríveis! Há uma diversidade de formas, cores, tamanhos, ciclos de vida, ecologia etc. Os insetos são fundamentais para a vida que conhecemos hoje. Atualmente, nós conhecemos aproximadamente duas milhões de espécies de seres vivos, e mais da metade desse número são insetos. Esses seres possuem imensa importância, seja do ponto de vista positivo, atuando na polinização, ciclagem de nutrientes, produção de fármacos, na alimentação humana e animal, resolução de crimes; seja do ponto de vista prejudicial, como vetores de doenças e pragas agrícolas. Dito isso, as áreas de estudo em entomologia são inúmeras: estudo de biodiversidade, entomologia médica/veterinária, entomologia forense, estudos genéticos, controle biológico de pragas, bioindicadores ambientais etc.
Mas o que me fascina e me motiva na minha pesquisa é justamente essa vontade do ser humano em saber, o conhecimento pelo conhecimento. Quantas e quais espécies de determinado ser ocorrem em determinada região? Como é a biologia de tal espécie? De que forma esses seres evoluíram? Quais as relações entre as espécies e o ambiente? Essas são algumas perguntas que a gente tenta responder. Minha pesquisa, em todos esses anos fazendo ciência, é trabalhar com um grupo de insetos conhecidos como cigarrinhas (que são uns parentes menores e menos populares das cigarras), são pequenos insetos que vivem sobre as plantas, alimentando-se de seiva. Por conta disso, muitas espécies são consideradas pragas, pois causam injúrias às plantas e podem ser vetores de patógenos vegetais. A minha pesquisa é voltada para o estudo da biodiversidade das cigarrinhas, identificando as espécies, classificando-as, descrevendo-as, conhecendo a biologia, estudando de quais plantas hospedeiras determinada espécie se alimenta, levantando hipóteses evolutivas a fim de tentar compreender como e quando essas espécies de diversificaram etc. Para isso, além da parte laboratorial, de sentar e estudar os insetos detalhadamente com a ajuda de lupas e microscópios e dos testes e experimentos, há também muito trabalho de saídas de campo (afinal os insetos precisam ser coletados para serem estudados). Com isso, eu pude conhecer diferentes lugares do Brasil e exterior, me deparar com diferentes realidades e ecossistemas. Além disso, ao encontrar uma espécie desconhecida e ser o primeiro a estudá-la e descrevê-la é sempre um momento de grande entusiasmo, afinal é você que vai apresentar essa espécie para o mundo e dar a ela um nome, um nome científico, e esse nome será único, independente da língua ou idioma, será o mesmo nome, transcendendo as diferenças linguísticas, e isso é muito legal. Por fim, estamos vivendo em um período de grande crise ambiental, não conseguimos mensurar, mas sabemos que espécies estão sendo extintas o tempo todo, em decorrência de diversos fatores. E tentar ao menos conhecê-las e registrá-las é o que mais me impulsiona a fazer o que eu faço.