Luiza Brandão é graduanda em Gestão Pública (GPDES) pela UFRJ e faz parte do grupo de pesquisa Corpografias: Raça, Gênero e Direito, uma parceria IPPUR (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano) e FND (Faculdade Nacional de Direito).
O QUE TE FASCINA NA SUA PESQUISA?
O grupo de estudos Corpografias busca reconhecer o Estado como agente ativo no significado de gênero e raça e se aprofundar em como essa dinâmica é criada, cultivada e manejada além de seus efeitos nos objetos de estudo. Tem como perspectiva o feminismo, antirracismo e decolonialidade para produção de reflexões sobre a causalidade do direito na prática política e do próprio ordenamento jurídico e legislativo.
A minha pesquisa é um afluente do projeto Corpografias e de sua parceria com o Observatório de Proteção dos Direitos Humanos do CAAF (Centro de Antropologia e Arqueologia Forense) da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo). Meu interesse maior na produção da pesquisa é analisar a produção normativa no Brasil e a mobilização de gênero, em âmbito federal, dentro do espectro de direitos humanos, buscando investigar qualitativa e quantitativamente as proposições, seus processos, agentes e resultados.
O que me fascina na pesquisa é uma pergunta incrivelmente difícil. Quase tudo nela me inflama a decifrar mais sobre os processos políticos e interação entre os agentes da relação e prática política. É um trabalho investigativo de descobrir e analisar estratégias de neutralização de lutas dos movimentos sociais e seus efeitos.
Eu busco entender como condições de existência são cultivadas, muitas vezes constrangidas, pelos produtores normativos e seus interesses. Diante do conservadorismo, a minha curiosidade foi aguçada em saber mais sobre como as linhas que perpassam a política e a religiosidade se opacificaram em meio ao neoliberalismo. Me interessei mais por saber qual é a reação das forças políticas disputantes e como a existência de mulheres e pessoas LGBTs é atravessada por manobras políticas que se fundam em criações do imaginário como arma na arena política e produção legislativa.
Pessoalmente, a pesquisa promoveu muitas reflexões sobre a minha condição enquanto mulher e reconhecimento de classe e poder, no sentido de até que ponto estamos amarrados a experiências guiadas, até que ponto a autonomia realmente existe. Apesar de ser desafiador, cada passo em direção a conclusão desta pesquisa é transformador.