Mateus Kroth é doutorando em geologia sedimentar na Universidade de Utrecht, em parceria com o Serviço Geológico dos Países Baixos (TNO). No seu projeto de doutorado, Mateus pesquisa a estratigrafia das rochas formadas no Mar de Giz (Chalk Sea), em Limburgo do Sul, no sul dos Países Baixos, e as propriedades dos aquíferos nessa região. Em 2021, concluiu seu mestrado em estratigrafia e paleontologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde também trabalhou como pesquisador no Laboratório de Geologia Sedimentar (LAGESED). Se formou geólogo em 2019 na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), em Caçapava do Sul, no interior do Rio Grande do Sul. Mateus possui interesse no entendimento dos processos e história dos mares que inundaram regiões continentais no passado da Terra (mares epíricos) e nas rochas que se formaram nesses ambientes.
Geologia é a ciência que estuda através das rochas a origem, história, estrutura e vida da Terra. Essa ciência nos permite voltar no tempo, reconstruir paisagens nunca vistas por olhos humanos e contar a história de continentes e oceanos que não existem mais. Um dos princípios básicos da geologia diz que “o presente é a chave para o passado”, o que na prática significa que observando a natureza nos dias de hoje nós podemos desvendar os segredos da história da Terra e com isso encontrar e explorar recursos naturais escondidos embaixo da sua superfície. A minha pesquisa trata justamente sobre um dos recursos naturais mais importantes para sobrevivência humana: a água.
Para entender o meu fascínio pela minha pesquisa, é necessário voltar para o período da história da Terra que existiu entre 100 e 60 milhões de anos atrás, quando o nível dos mares estava mais de 200 metros acima do que é hoje. Nessa época, grande parte do noroeste da Europa foi inundado por um grande mar, chamado de Chalk Sea (Mar de Giz), em que sedimentos formados principalmente por algas deram origem a rochas que existem em diversos locais, como nos famosos penhascos brancos de Dover, no Reino Unido. No sul dos Países Baixos, este mesmo mar formou rochas que fazem parte de um importante reservatório de água subterrânea, ou aquífero, responsável por abastecer diversas cidades na região. Porém, com o avanço da agricultura e urbanização, uma parcela significativa desse aquífero tem sido contaminada com nitrato, o que diminui a qualidade da água para o consumo. Um aquífero é formado por rochas porosas onde a água infiltra e se acumula, então é importante determinar a quantidade de poros existentes e entender como eles estão conectados. Para isso, temos que “ler” as rochas, investigar em que ambiente os sedimentos foram depositados e compreender o conjunto de processos químicos e físicos sofridos por eles depois da sua deposição até se tornarem o que observamos hoje. Através disso, podemos mapear áreas mais propensas para infiltração de poluentes e sugerir maneiras para melhor gerir a extração de água na região. Por isso, a minha pesquisa é tão fascinante para mim, porque a partir dos sedimentos nas rochas podemos contar o que aconteceu na Terra milhões de anos atrás e usar esse conhecimento para melhor aproveitar e preservar os recursos naturais do nosso planeta.
Nome
Mateus Kroth
Titulação
Doutor em geologia
Atuação
Doutorando em geologia sedimentar na Universidade de Utrecht (Holanda).
Pesquisa
Estratigrafia das rochas formadas no Mar de Giz (Chalk Sea).