Quando eu era criança me lembro de ficar bem admirada quando assisti ao filme O Milagre de Anne Sullivan (1962). O filme conta a história da persistente professora – Anne Sullivan – que é contratada para ensinar Hellen Keller, uma menina que fica surda e cega aos 18 meses de vida. A menina não conhecia o mundo ao seu redor e não tinha ferramentas para se comunicar. A força da vontade e da vocação da professora são tantas que nada parece ser obstáculo para ela.
O filme traz uma reflexão muito bonita sobre o importante papel do professor em fornecer os métodos e subsidiar o desenvolvimento intelectual dos alunos, principalmente nos casos em que a forma de comunicação é distinta e necessita ser desenvolvida.
A história é real e Hellen Keller, em 1904, formou-se com louvor, e foi a primeira aluna cega e surda e terminar um curso universitário. Ela se tornou uma escritora mundialmente reconhecida e palestrante. Em uma famosa frase, disse: “A ciência poderá ter encontrado a cura para a maioria dos males, mas não achou ainda o remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos.”
A apatia acontece quando ficamos indiferentes aos acontecimentos, é a ausência de sentimentos, de emoções e de entusiasmo. É o oposto da empatia, que é a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, de sentir e compreender as perspectivas, ações, reações, sentimentos e emoções alheias. Uma forma de ampliar nossa capacidade de sentir empatia está intimamente associada ao repertório ficcional do indivíduo. Através das histórias e dos personagens desenvolvemos a habilidade de sentimentos e emoções gerados por situações pelas quais não passamos.
Neste sentido, quais são as iniciativas na cultura pop que estão sendo tomadas para promovar empatia em relação a inclusão? Quantos autores estão pensando nesta representatividade? Iniciativas diversas têm sido tomadas por realizadores, porém uma que tem destaque no Brasil e um papel fundamental na educação infantil é o caso da história em quadrinhos da Turma da Mônica, a mais famosa do Brasil. Além dos consagrados personagens, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, a partir de 2004, o cartunista criou importantes personagens que promovem o respeito e o conhecimento e a inclusão.
Maurício de Souza conta em entrevista sobre a preocupação que o estúdio tem em relação as histórias: “Temos todo cuidado quando resolvemos abordar temas mais complexos. Procuramos sempre pesquisar e procurar técnicos no assunto para não passarmos informações erradas. Por isso a recepção das crianças e educadores é sempre positiva”.
Alguns dos persnagens mais conhecidos são: Tati (Síndrome de Down), Luca (Deficiência Física), Dorinha ( Deficiência Visual), Andre (TEA), Humberto (Deficiência Auditiva), Hamyr (Locomoção), Edu ( Distrofia de Duchenne).
O remédio para a apatia ainda não existe, mas podemos desenvolver a empatia através do universo ficcional, que nos permite conhecer diferentes histórias. A partir daí, podemos pensar novas propostas para um futuro inclusivo, ouvir quem tem algo importante a dizer sobre o assunto, celebrar as conquistas de quem luta, e sobretudo: acreditar.