Professora do Departamento de Antropologia da University of North Texas (UNT). Realizou pós-doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e é doutora em Antropologia e Sociologia pela mesma universidade. Foi Analista Ambiental do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) por 19 anos, tendo colaborado com comunidades quilombolas, indígenas, caiçaras e seringueiras na Amazônia, no litoral brasileiro e na Patagônia. É yawo de Ogún do Ilê Axé Aganju Ixolá e autora do livro Em Território Mapuche: Petroleiras e Cosmopolíticas na Patagônia Argentina (Editora Ape’ku, 2022). Desenvolve pesquisas nas áreas da Antropologia Ambiental, Antropologia Indígena, Teoria Etnográfica e Museus.
O QUE TE FASCINA NA SUA PESQUISA?
O que me encanta é a possibilidade de me conectar com pessoas e seus territórios – incluindo aí diferentes bichos, plantas, seres e forças que neles habitam. A antropologia permite que nos coloquemos fora das nossas bolhas, escutando histórias as mais diversas que, por vezes, desafiam os modos em que usualmente habitamos um planeta, que é, ao mesmo tempo, uno e múltiplo. Esse é o poder da antropologia: nos fazer pensar sob outras referências e nuances.
A antropologia permite traduzir, de uma forma complexa, não apenas palavras, mas, acima de tudo, vivências. É uma arena privilegiada para a prática da diplomacia, num contexto em que o caos climático vem agravando tensões e conflitos por todo o globo. Apesar de suas raízes e continuidades coloniais, eu acredito no seu potencial de produzir encruzilhadas de diálogo – e, por isso, insisto que o conhecimento antropológico interessa mesmo a quem não é da área da antropologia.
Na University of North Texas (UNT), venho explorando com alunos das ciências humanas, biológicas e exatas novas formas de pensar nossos encontros com pessoas e seus mundos. Estamos interessados em explorar como, não apenas através da escrita, mas também da arte e de outras formas de escrita de mundo, podemos narrar esses encontros de forma que histórias que não nos são familiares – como vulcões que ficam irritados, aranhas que ensinam tecer e caramujos que também vivem o luto da perda de um parente – possam parecer menos estranhas.